Alegria e emoção, sentimentos que se unem ao Carnaval e são externados pelo público que, após dois anos de hiato, teve a oportunidade de prestigiar a maior festa popular do país, na capital amazonense. Espetáculos a céu aberto foram levados à avenida do Sambódromo de Manaus, neste sábado, 18, no desfile das oito escolas de samba do grupo especial, na disputa pelo título de campeã de 2023.
Ainda na área da concentração, a expectativa de quem sabia que o momento iria chegar, apesar da longa espera. “Nesses dois anos, a gente pode ver que a vida nos proporciona várias coisas, mas com toda uma tristeza vem a alegria e, no caso, é o Carnaval”, comemora o ritmista Eduardo Sampaio.
A maior das festas do Brasil, em Manaus, é promovida pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa. O secretário de cultura, Marcos Apolo Muniz, pontua as ações promovidas no Carnaval da Floresta, edição que busca criar uma nova identidade à festa, gerando pertencimento ao público.
“Primeiro uma estrutura envolvendo todos os órgãos do estado que precisam atuar, como segurança pública, saúde. A outra é um investimento potencializado para que as escolas pudessem fazer um investimento maior na questão de geração de trabalho, emprego e a outra prepara o espaço que vem prestigiar o Carnaval”, pontua Apolo, destacando que, em fevereiro, mais de 20 mil postos de trabalhos foram gerados, movimentando a cadeia econômica no estado.
“Um carnaval para se comemorar”, segundo a artista amazonense, Rosa Malagueta. “A classe artística vive disso, desse movimento cultural e Carnaval tem que ter artistas em todos os setores, tanto o cara que faz o carro, a fantasia e nós, atores, atrizes, cantores que estamos aqui festejando a cultura popular”, disse a artista.
O público prestigiou e, na Passarela do Samba, as escolas fizeram o seu trabalho na disputa pela nota máxima. Nesta segunda-feira, 20, será conhecida a campeã do Carnaval de 2023, na apuração às 14h, no Sambódromo.
Confira as escolas de samba do grupo Especial de Manaus, que desfilaram neste sábado, 18:
Vila da Barra
A primeira escola da noite, Vila da Barra, retornou ao grupo das Especiais, narrando uma história imaginária sobre a descoberta da civilização secreta que habitava o coração da Amazônia.
O enredo “Ratanabá: O segredo milenar da Amazônia”, faz referência a uma cidade perdida que viralizou no mundo digital. As baianas carregavam um figurino semelhante às pirâmides e a bateria da Pegada da Onça se vestiu de ouro para comandar a escola do bairro da Compensa, com 27 anos de história.
Primos da Ilha
Segundo a adentrar a Passarela do Samba, o Grêmio Recreativo Primos da Ilha contou a saga do imigrante Lusitano José Azevedo, que fixou morada em Manaus, em 1934, e aqui constituiu família e construiu um império empresarial no ramo do comércio. O enredo “D’Além mar, o Amazonas conquistou! José Azevedo, o legado de um gajo sonhador TvLar, Manaus Plaza Shopping e TvLar Motos” mostrou desde a infância até o legado deixado pelo portugês que se tornou amazonense.
Em 21 alas comandas pela bateria “Moleque atrevido”, apoiadas por quatro alegorias compostas por dois carros alegóricos: “O europeu encontra o caboclo amazônida”, “O senhor do tempo – Fachada do Hospital Beneficente Portuguesa”, mais os módulos alegóricos “A concha do mar esconde, na travessia do oceano, a pérola do Amazonas” e “Bolo de 59 anos”, a Primos da Ilha prestou sua homenagem a José Azevedo.
Um terceiro carro alegórico, intitulado “Grupo TVLar com visão de futuro”, deveria ter entrado na avenida, mas enfrentou problemas técnicos na concentração e não conseguiu desfilar.
Andanças de Ciganos
A Andanças de Ciganos levou para o Sambódromo o enredo “Não deixe o samba morrer, não deixa a cultura acabar, o povo cigano clama: Salve a cultura popular”. A escola levou para a avenida a multiplicidade cultural do país, rituais, danças e festas.
A escola da Cachoeirinha com 47 anos de tradição, apostou em 19 alas e alegorias grandiosas, como o quarto e último carro, “Celebrações festivas à padroeira”, medindo quatro metros de altura. Com 220 ritmistas, a bateria “Vai ou Racha”, do Mestre Félix, comandou o samba movido pela cultura popular.
Reino Unido
O Grêmio Recreativo Escola de Samba Reino Unido da Liberdade, quarta escola a se apresentar, emocionou o público ao homenagear um ícone da cultura amazonense com o enredo “Bate forte o tambor, Furiosa! Eu quero é Tic, Tic, Tac! A Reino Unido abre as cortinas para Zezinho Corrêa”.
A vida, obra e trajetória artística de Zezinho Corrêa, que foi uma das vítimas da pandemia de Covid-19, foram retratadas em 27 alas e três alegorias: “Vestido de luz – O menino iluminado”, “O sonho em cena – Teatro (Tesc/ Sesc)” e “O Apogeu – Zezinho vive em nós. Bate forte o tambor!”. A bateria Furiosa ditou o ritmo que embalou os cerca de 3.200 componentes da escola.
Mocidade de Aparecida
A campeã de 2020, Mocidade Independente de Aparecida, entrou na avenida com o enredo “A Essência… A Seiva… A Fonte… Vitae”. A verde e branco levou o folião a uma viagem à formação do planeta Terra, ressaltando a importância da água na existência da vida. A verde e branco adentrou na avenida com a alegoria “Planeta Água a Girar – O Tempo Não Para”, com um telão em LED, interagindo com a comissão de frente.
A Furiosa também fez críticas à poluição dos rios e lagos, representada na ala “De lixo! mares, rios e igarapés”. Formada por 230 ritmistas, a escola soma 43 anos de trajetória e se destaca com a bateria da Universidade do Samba, no comando de Mestre Lucas.
A Grande Família
Em seguida, foi a vez do Grêmio Recreativo Cultural Escola de Samba A Grande Família desfilar o enredo “Eirunepé – O cordel amazônico”. A corrente migratória de nordestinos que se tornaram soldados da borracha no interior do Amazonas fundando, entre outros, o município de Eirunepé foi contada pela escola.
A História de Eirunepé foi contada em 21 alas, com três carros alegóricos: “Um cordel de amor”, “Seringal Eiru” e “Eirunepé, a Joia da Floresta”. Um módulo alegórico na forma de um barco de recreio com o nome Comandante Amazonino foi incluído, em homenagem ao recém-falecido ex-governador Amazonino Mendes, um dos mais célebres filhos de Eirunepé. A bateria se fantasiou de “Barões da Borracha” para comandar o desfile com seu ritmo contagiante.
Unidos do Alvorada
A escola fez uma viagem pela história do fundador do Grupo Samel, Luiz Fernando Nicolau, que faleceu aos 74 anos, em 2020, vítima de complicações da covid-19.
Com o enredo “Obu Manaó – O alvorecer da cura, sob as bênçãos do céu. Anauê, Samuel”, a nação alvoradense desceu a avenida distribuída em 18 alas para homenagear o médico que construiu carreira em Manaus, se dedicando à política e trabalhos humanitários. Os 220 ritmistas, da bateria Superação, deram o tom aos integrantes, que dividiram espaço entre as seis alegorias, sendo uma delas com integrantes da família do homenageado.
Vitória Régia
Fechando os desfiles, o Grêmio Recreativo Escola de Samba Vitória Régia desfilou trazendo a causa da inclusão de Pessoas com Deficiência à avenida com o enredo “A nossa especialidade é ser especial – Por um mundo mais acessível e humano”. As qualidades e talentos das Pessoas com Deficiência foram exaltadas em 21 alas intercaladas por quatro alegorias: “O princípio”, “Um universo prá lá de especial”, “Superação, triunfo e glória” e “O Futuro (mais humano)”. A bateria “Berço do samba”, encarnando “O som da vida”, deu ânimo aos integrantes da escola, que desfilou já na manhã de domingo.
Fonte – Assessoria