Uma importante pesquisa que tem o apoio do Governo de Rondônia, por meio da Fundação de Amparo ao Desenvolvimento das Ações Científicas e Tecnológicas e à Pesquisa do Estado de Rondônia – Fapero, tem chamado a atenção da comunidade científica e também ambiental. Trata-se da utilização de uma planta típica da região amazônica, capaz de substituir o mercúrio no processo da formação do amálgama do ouro (liga de ouro com mercúrio utilizado na extração de ouro).
A pesquisa é realizada no Laboratório de Biogeoquímica Ambiental da Universidade Federal de Rondônia – Unir, e está sob a liderança do professor Wanderlei Rodrigues Bastos e da botânica Marta Pereira da Universidade do Estado do Amazonas – UEA. As análises de briófitas dos barrancos do rio, feitas pela pesquisadora, revelam alta taxa de contaminação por mercúrio nos vegetais, que absorvem o metal do solo, do ar e da água. A pesquisa que está em andamento, pretende buscar uma solução capaz de isolar a propriedade da planta, e assim substituir na utilização do mercúrio, no processo de formação do amálgama do ouro.
Para o governador de Rondônia, Marcos Rocha, que desde 2019, tem investido nas ações voltadas à ciência, inovação e desenvolvimento da pesquisa científica, salienta a importância desse segmento.
“A pesquisa contribui para a geração de conhecimento e desenvolvimento da humanidade. Os investimentos em pesquisa e inovação representam, para Rondônia, uma importante ferramenta no crescimento socioeconômico do Estado. Ciência e pesquisa são importantes em nossa vida, pois nos ajudam a ter uma melhor qualidade de vida, principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento de pesquisas agrárias, onde Rondônia tem a sua maior vocação econômica”, salientou.
SOBRE A PESQUISA
O projeto que pretende substituir o uso do mercúrio pela planta Ochroma Pyramidale encontra-se em fase de estudos. Quando estiver concluído, poderá colaborar com a diminuição do uso do mercúrio em rios como o Madeira, e reduzir os impactos ambientais com a utilização da planta. De acordo com a pesquisa, a folha da planta pode ser utilizada como uma substância similar a de um detergente, para identificar e separar o ouro em meio a outras substâncias.
DOS TESTES E RESULTADOS
De acordo com a pesquisadora Marta Regina, após a fase de testes, espera-se que os resultados com a planta possa eficazmente diminuir a utilização de mercúrio em rios da bacia do Amazonas, em especial no rio Madeira. “Buscamos informações precisas e mais técnicas, para usar a planta em substituição ao mercúrio, que é um dos problemas da mineração artesanal”, concluiu.
A pesquisa já comprovou que o material extraído tem o mesmo efeito do mercúrio para separar o ouro dos sedimentos do rio. A pesquisadora Taise Vargas, uma das integrantes do grupo explicou: “conseguimos observar uma interação do extrato da planta com o ouro, formando aglomerados das partículas de ouro. Agora estamos na fase de identificação das substâncias presentes e precisamos ajustar as concentrações adequadas, o tempo de contato e outras variações”.
Algumas minas colombianas já vêm utilizando com sucesso esse método, que consiste na mistura de água com seiva de plantas para a extração de ouro. A técnica usa apenas os métodos tradicionais dos antepassados, sem qualquer produto químico. A pesquisa realizada nos laboratórios da Unir e UEA tem o amparo financeiro da Fapero e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas – Fapeam.
A pesquisa é amparada pela Fapero, por meio do Programa de Apoio à Pesquisa de Inovação Tecnológica – Redes de Pesquisa em Mineração Sustentável.
A doutora Marta Regina Pereira participou na última semana a convite da USP da expedição no Rio Madeira, na região de Manicoré. A pesquisadora fez visitas as embarcações e conheceu o projeto da USP – Universidade de São Paulo que faz levantamentos para o Plano de ação Nacional: Ouro sem mercúrio.
Na audiência em Manicoré o site Notícias da Amazônia conversou com a doutora Marta que explica o atual estágio da pesquisa.
Fonte – Secom/Rondônia, adição Fábio de Souza