A bancada do Amazonas, no Congresso Nacional, em reunião com três ministros do presidente Lula da Silva, pressionou e pediu respostas sobre a seca no Amazonas e a BR-319. E, nessa audiência, não foi somente o coordenador Omar Aziz (PSD-AM) que fez pressão junto ao governo federal para a conclusão da Manaus-Porto Velho. A grita foi geral.
A audiência foi nesta terça-feira, 27, com os ministros Renan Filho, dos Transportes, Sílvio Costa, dos Portos e Aeroportos, e Waldez Góes, do Desenvolvimento Regional. A reunião foi para tratar das ações de navegabilidade nos rios Madeira, Solimões e Amazonas. Isso por conta da grande estiagem que está acontecendo no estado.
No entanto, a pavimentação da BR-319 foi o assunto que tomou conta da reunião ministerial. Primeiramente, o senador Omar Aziz culpou diretamente a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, de impedir as obras na Manaus-Porto Velho.
“Eu a condeno por fazer com que o meu estado fique isolado. Ela não tem propostas ambientais para o Brasil. Só sabe dizer ‘não pode’ e ‘não deve’. Eu estou acusando a Marina Silva de ser a responsável pelo isolamento do meu Estado, do povo do Amazonas”, declarou Aziz.
Quem também se revoltou contra a área ambiental do governo Lula foi o senador Eduardo Braga (MDB-AM). A única rodovia federal que liga a capital amazonense a Porto Velho (RO) e ao resto do Brasil permanece intransitável. Sendo a causa, o fato de a estrada não receber as obras necessárias. Nas palavras de Braga, “em razão da “política vesga de alguns que impõem uma série de entraves burocráticos, principalmente na seara ambiental”.
Desse modo, o deputado Capitão Alberto Neto corroborou as críticas contra a ministra Marina Silva. Segundo ele, os parlamentares amazonenses têm o consenso da fragilidade logística que a região enfrenta pela ausência da rodovia. E, hoje o maior problema da BR-319 é a ministra do Meio Ambiente.
“Nós queremos respeito, queremos investimentos de infraestrutura. Nós temos um inimigo da BR 319, que é a ministra Marina Silva, mas vamos lutar contra isso para destravar e voltar com o sonho do nosso estado de ligar o Amazonas ao restante do Brasil por meio da BR 319”, enfatizou Alberto Neto.
CRISE NO MADEIRA
Na avaliação do decano da bancada, Átila Lins (PSD-AM), enquanto a BR-319 estiver fechada, todos os anos haverá dificuldade de tráfego no rio Madeira, caso a seca seja grande.
Segundo o deputado, se não houvesse o “boicote” do Ministério do Meio Ambiente para fazer a BR-319 funcionar, o rio de Madeira não estaria nessa crise, praticamente precisando de dragagens urgentes para não prejudicar o tráfego aquaviário entre Manaus, Rondônia e o Acre.
“Portanto, nós ficaremos nesse estado de calamidade. E isso ficou muito bem claro na reclamação de todos quanto à necessidade de nós criarmos um caminho para recuperar e colocar em tráfego permanente à BR-319”, disse Lins.
OUTRO MODAL
Por outro lado, o deputado Saullo Vianna (União-AM) disse que se a BR-319 estivesse pronta, a estrada amenizaria os impactos logísticos causados pela estiagem.
“A gravidade desta situação que estamos passando no Amazonas expõe as nossas dificuldades e a importância de termos uma via de ligação com o país. Se hoje tivéssemos a BR-319, muitos destes problemas não seriam tão graves. Logo, teríamos outro modal para que as pessoas pudessem ir e vir e o nosso estado pudesse ser abastecido”.
RESPOSTA DO MINISTRO
Ao falar das críticas à colega de governo, o ministro dos Transportes, Renan Filho não quis entrar no mérito das queixas da bancada. Mas, respondeu que a integração dos modos de transporte é fundamental, pois, nenhuma região no planeta escolhe apenas uma maneira de chegar ou de sair de um local porque isso corre riscos.
“Se só tivesse uma estrada e a estrada sofresse um deslizamento de terra, por exemplo, as pessoas ficam isoladas. Manaus é a sétima capital do Brasil, é uma das maiores cidades desse país e ela é a única que não tem chegada por asfalto. Então eu, como ministro dos Transportes, acho que é fundamental que nós tenhamos três modos de chegada na Amazônia, pelas hidrovias, por rodovia, definida pelo governo federal, e pelo transporte aéreo. Precisa ter preservação, desde que garanta a locomoção das pessoas”.
SUSTENTABILIDADE
Ainda na avaliação do ministro dos Transportes, as questões da sustentabilidade ambiental são muito importantes e que ninguém é contra a garantia dela.
“No entanto, precisa-se dizer o que é necessário para fazer uma rodovia, que garanta sustentabilidade e também garanta segurança nacional, assim como garanta condições às pessoas de sobreviverem de maneira adequada, sobretudo em momentos como esse. É assim que eu penso”, disse.
Por fim, o ministro Renan Filho prometeu levar as queixas da bancada e do Governo do Amazonas ao grupo de trabalho, que o presidente Lula criou para garantir BR-319. Disse ainda que a primeira providência do GT será ouvir os governadores, parlamentares e a sociedade civil organizada. E, a partir daí, rumar para criar as condições a fim de garantir sustentabilidade para a obra da BR-319.
Fonte – Assessoria