Apesar do sucesso dos artistas internacionais, o público brasileiro gosta mesmo é da própria música. Prova disso é a marca dos 10 bilhões de streams no Spotify de Marília Mendonça, atingidos neste ano.
Artistas independentes dominaram cenário brasileiro no Spotify em 2023. Dados inéditos mostram que, no ano passado, 70% das receitas da plataforma no Brasil foram destinadas a artistas e gravadoras independentes. Mundialmente, chegou a pouco mais da metade, com faturamento de US$ 4,5 bilhões. Os valores relacionados ao mercado brasileiro não foram divulgados.
A Head de Parcerias com Artistas e Gravadoras no Brasil, Carolina Alzuguir, explica que o aumento se deve pela diversificação dos músicos e pela facilidade em produzir música hoje, se comparado a décadas atrás.
“Tanto a tecnologia de você produzir as suas músicas, então, hoje em dia, muito mais artistas têm home studio, produzem de maneira caseira mesmo as suas músicas, quanto o Spotify proporcionou essa facilidade de entregar e promover a sua música para os seus fãs. E isso é significativamente mais barato hoje em dia do que era antigamente, porque antigamente você precisava de uma grande gravadora para fazer isso. E aí, claro, essa democratização acontece não só para os artistas, como ela também acontece do ponto de vista do usuário.”
Mas há artistas com investimentos milionários na indústria e milhões de ouvintes considerados independentes, como é o caso da sertaneja Ana Castela. Ela foi a cantora mais ouvida no Brasil no ano passado, e conta hoje com mais de 16 milhões de ouvintes mensais. Mas não é representada por uma gravadora nos moldes tradicionais, e sim, por uma distribuidora.
Carolina Alzuguir acredita que o aumento da receita nesse nicho foi compensado pela diversidade e quantidade de pessoas que se encaixam nessa categoria.
“Quando a gente fala do independente, a gente fala de volume também, de escala. Você tem artistas de todos os nichos, de todos os segmentos. Então, não dá para você dizer que esse número está sendo puxado para cima por causa de alguns poucos artistas. Esses artistas que têm uma estrutura por trás e que têm patrocinadores, que têm equipe, que têm estrutura e etc., eles continuam sendo uma exceção dentro do mercado independente.”
O público também conheceu mais artistas nacionais ao longo do ano passado. Os músicos foram escutados pela primeira vez por usuários no Spotify quase 10 bilhões de vezes. Parte por uma procura ativa, parte porque eles estão cada vez mais presentes nas playlists oferecidas para os usuários – aquelas separadas por gêneros ou por “moods”, diferentes estilos que sintonizam com o humor da pessoa naquele momento.
Tanto que, em 2023, mais de 9.500 artistas brasileiros foram adicionados à playlists editoriais no Spotify. Um aumento de 80% em relação a 2019.