Um conflito agrário está se desenhando na região da BR 230 do km 60 ao km 100, no sentido Lábrea. O tema voltou a ser discutido nesta quarta-feira, 31, no Ministério Público do Amazonas. Proprietários de terras na região relataram ao Promotor de Justiça, Doutor Wesley Machado as ameaças que vem sofrendo.
Um grupo formado por oito a 10 pessoas armadas visita as propriedades em motos e avisam que a invasão está próxima. “Se for preciso vamos matar”, disse o senhor Edilson Gavioli ao promotor. “Eu ouvi isso”, confirma o produtor. Uma espécie de guerra psicológica que se utiliza do medo e a da intimidação.
Gavioli tem propriedade reconhecida pela justiça no km 67, da BR 230. O produtor já ajuizou e ganhou ação na justiça de Canutama. Invasores desconhecidos entraram na propriedade pela fundiária, e realizaram os primeiros cortes. O juiz de Canutama deu parecer pela manutenção de posse para o autor.
Os invasores, tudo indica estão agindo de maneira orquestrada em três grupos. As conversas monitoradas dão conta que os grupos estão comercializando os lotes ao preço de R$ 39 mil (Trinta e nove mil reais) em 39 parcelas de R$ 1 mil (Um mil reais). As autoridades acreditam que os líderes já participaram de invasões em União Bandeirantes, Mutum, Parque Estadual Reserva Tapauá e também no Distrito de Realidade. Este último à 100km de Humaitá.
Aonde estas invasões acontecem cresce a criminalidade, homicídios, um verdadeiro caos social. O promotor de Justiça está preocupado com o conflito agrário e suas consequências, sem esquecer os danos ao meio ambiente, que podem ser de grandes proporções e irreparáveis.
Aproximadamente 80 famílias tem o documento de posse na região, e assim como o senhor Edilson Gavioli lutam pelo seu direito. “Eu comprei o lote. Investi todas as minhas economias”, argumenta o produtor que ganhou a manutenção de posse, mas até agora não viu seus direitos cumpridos. “Quem vai auxiliar. Os policiais tem boa vontade, mas falta estrutura para as equipes de Canutama cumprirem o que determinou a justiça”.
A promotoria de Justiça e a Inteligência da Polícia Militar do 4º BPM – Batalhão de Polícia Militar estão definindo estratégias que possam garantir a paz no campo, evitar o conflito agrário, impedir as invasões, e principalmente devolver o sossego para os moradores da região.
O projeto de invasão começou a vir à tona com o vazamento de áudios que indicam o financiamento das ações por um candidato a deputado estadual de Rondônia, com base em Ariquemes. O candidato citado em Boletim de Ocorrência registrado na Delegacia de Polícia de Humaitá está unido à uma Associação de Porto Velho que diz representar produtores rurais, pessoas de Jaru (RO) e um grupo do Distrito de Realidade.